Processo Saúde Doença
By Louca Enfermeira - dezembro 16, 2013
Saúde e
doença são processos íntimos e limítrofes, que se manifestam continuamente
durante a vida das pessoas, de forma individual ou coletiva, em determinado espaço
físico e tempo.
Observamos
que, ao longo de nossa história de vida e da vida de nossos antepassados, as
formas de atendimento das necessidades de saúde mudam. Essas mudanças não
acontecem por acaso. A limitação ou o avanço do conhecimento, as culturas dos
povos, a forma do homem se relacionar com o meio em que vive, sua visão sobre o
processo de ter saúde e de adoecer, são os principais fatores que definem os
caminhos para o desenvolvimento de políticas públicas de saúde, que
visam atender às pessoas em seus estados de saúde e de doença.
A
partir da década de 1970, os movimentos políticos mundiais orientam-se para uma
política de saúde para todos, de forma a atender de fato às necessidades da
população, considerando, saúde e doença como um processo determinado pelas
condições socioeconômicas e políticas nas quais as pessoas vivem e trabalham,
ampliando, assim, o conceito de saúde para além da simples ausência de doenças.
Passou-se
a apontar as constantes mudanças na relação do homem com o meio ambiente por
causa da exploração ambiental, do crescimento demográfico, das relações com o
mundo do trabalho e do avanço da tecnologia como interferências diretas no modo
de viver da população e, consequentemente, no estado de saúde das pessoas e no
perfil epidemiológico. A forma com que o homem evolui e sua interação com o
meio em que vive, por meio do acesso à renda que possibilita o consumo de bens
e serviços e do exercício da cidadania, definem os determinantes do processo
saúde-doença de uma geração ou um momento histórico. Os problemas de saúde são,
então, resultados de um processo complexo e dinâmico que se produz no interior
da sociedade.
São
determinantes do processo saúde-doença os modos de viver da população,
considerando o estilo de vida resultante de acesso à moradia, aos meios de
transporte, à educação, à assistência à saúde, à alimentação, ao lazer, ao
saneamento; o meio ambiente, destacando-se a relação com a sociedade e com o
trabalho; e as características particulares de cada pessoa, compreendendo os
fatores genéticos, imunológicos e psicológicos.
É nessa
lógica que percebemos mudanças consideráveis no perfil epidemiológico, quando
passamos a conviver com uma alteração no quadro de doenças da população, com a
inclusão de moléstias relacionadas ao trabalho, a acidentes de trânsito, à
violência urbana, ao êxodo rural desgovernado, à poluição ambiental, entre
outras.
É
preciso compreender o que determina o processo de saúde e de doença para que as
atividades/ações propostas pelas políticas de saúde/serviços de saúde venham a
atender as necessidades das pessoas, com resultados voltados para a melhoria da
qualidade de vida. Desenvolver o processo de trabalho em saúde é hoje um dos
grandes desafios para os profissionais da área, tanto nas atividades
individuais como nas coletivas. É preciso incorporar novos olhares para fora e
para dentro das Unidades de Saúde, atrelando a esses olhares a noção de saúde
como processo de movimento instável, de ordem biológica, de vivências, de
condições de vida e de trabalho dos indivíduos, da família e da sociedade.
Desenvolver
ações de promoção da saúde e prevenção de agravos, nos espaços de saúde
coletiva, exige da equipe de enfermagem um agir profissional dentro desse
contexto, rompendo com a prática dos serviços, viciada na atuação curativa,
cujas ações estão voltadas somente para a solução de queixas específicas e
pontuais. Essa nova forma de atuação pressupõe um trabalho consciente,
criativo, solidário, construído pelos gestores, pelo conjunto de trabalhadores
das equipes de saúde e pelos usuários do serviço, promovendo, ainda, a
integração da saúde com as demais áreas de gestão pública, para a consolidação
das propostas e apropriação do direito à saúde e à cidadania.
Conhecer
os determinantes de saúde da população do município/bairro/território de
atuação dos profissionais da saúde e buscar dentro das políticas públicas de
saúde estratégias, ou meios para atender às demandas oriundas das necessidades
das pessoas, famílias ou grupos sociais são formas de ampliar a possibilidade
da atenção à saúde, cujas ações devam contemplar o atendimento ampliado de
saúde, propiciando à população espaços para troca de conhecimento sobre o
processo saúde-doença, passo decisório para a formulação de conceitos e
mudanças no estilo de vida.
Referência:
Trecho
retirado do livro Guia I. Capítulo Promovendo a Saúde da ETEC.
Guia I.
Promovendo a Saúde - ETEC
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