DRENAGEM TORÁCICA
By Louca Enfermeira - setembro 12, 2014
A drenagem
torácica é um procedimento cirúrgico que teve seus princípios estabelecidos por
Hipócrates no século V a. Ela é frequentemente utilizada no tratamento
hospitalar de pacientes com trauma de tórax e/ou submetidos a cirurgias
torácicas ou cardíacas por vários motivos. A drenagem torácica é uma técnica
que tem por objetivo principal a remoção de conteúdo líquido, gasoso, purulento
ou sanguinolento do interior da cavidade pleural ou do mediastino1,4-7.
Clinicamente, a técnica de drenagem torácica pode ser realizada de modo fechado
(drenagem tubular fechada, toracotomia ou
toracoscopia) ou aberto (pleurostomia).
No centro de
terapia intensiva, a drenagem torácica é um procedimento bastante útil tanto
para diagnóstico como para o tratamento de diversas intercorrências pleurais,
tais como: pneumotórax (espontâneo, primário, secundário, hipertensivo,
traumático e iatrogênico), hemotórax (traumático e residual), derrame pleural
(exsudato, empiema, quilotórax) e como drenagem profilática.
Inicialmente,
quando a técnica de drenagem torácica começou a ser utilizada no período da
Roma antiga (século VIII a. C.), era realizada através da inserção de um tubo
metálico no espaço pleural acoplado a um frasco coletor. Atualmente, essa
técnica é realizada com inserção de um tubo de cloreto de polivinil ou de
silicone no qual uma de suas extremidades é inserida na cavidade pleural e a
outra a um frasco ou equipamento coletor que da origem a um mecanismo valvular
unidirecional. Através da criação desse mecanismo valvular unidirecional, o
conteúdo drenado da cavidade pleural não retorna mais a cavidade pleural,
permitindo o restabelecimento das condições fisiológicas da cavidade pleural na
medida em que restabelece a pressão negativa fisiológica dentro do tórax e a
recuperação da expansão e da função pulmonar.
A drenagem
torácica é um procedimento cirúrgico que requer a instalação de drenos após a
realização rigorosa do procedimento de anti-sepsia da pele, seguido de curativo
da ferida cirúrgica e monitoramento do conteúdo líquido ou gasoso drenado da
cavidade pleural, para evitar o surgimento de intercorrências e/ou complicações
clínicas, como infecções. Isso demanda, portanto, conhecimento
técnico-científico e capacidade de tomada de decisão imediata por parte da
equipe multiprofissional (médicos e profissionais de enfermagem) que prestam
assistência aos pacientes submetidos a esse tipo
de intervenção terapêutica.
São muitos os cuidados enfrentados
pela equipe de enfermagem no período pré, peri e pós-cirúrgico. Cuidados que
vão desde o ato de orientar e prestar esclarecimentos ao paciente e seus
familiares, até ajudar o médico durante a introdução do dreno, na realização de
curativos no período pós-cirúrgico, no controle do circuito do material drenado
e na avaliação clinica do paciente.Todas essas ações demandam dos profissionais
de enfermagem que atuam nessa área, constante atualização e capacitação
profissional, especialmente sobre novas técnicas, materiais, avanços
científicos e melhora da assistência de enfermagem prestada aos pacientes com
dreno.
Na atualidade, a
técnica de drenagem torácica é realizada por cirurgiões torácicos que inserem
tubos perfurados na extremidade, fabricados em cloreto de polivinil ou
silicone, com desenho básico e pouco variado no espaço pleural ou mediastinal.
Durante esse procedimento, uma das extremidades do tubo é inserida no espaço
pleural ou mediastinal na região apical ou basal e a outra extremidade é
conectada a um frasco coletor. Todavia, para a realização da drenagem torácica,
o cirurgião torácico e a sua equipe devem seguir os seguintes os procedimentos:
a) Posição do paciente: decúbito dorsal levemente elevado com o
braço levantado;
b) Antissepsia da pele do paciente;
c) Introdução do anestésico;
d) Incisão: deve ser feita seguindo o bordo da costela
longitudinal e o seu tamanho deve ser o necessário para que o dreno passe (nem
mais, nem menos);
e) Divisão dos músculos intercostais para se criar a passagem por
onde o dreno vai passar;
f) Colocação do dreno: feita com a ajuda de um Kelly (antes de
colocar o dreno, deve-se introduzir o dedo e palpar o orifício por onde ele vai
passar. Verificar a presença do fígado. Se palpar o fígado deve-se tentar fazer
em algum ponto mais em cima);
g) O dreno tem de entrar fácil. Se a penetração estiver
dificultada, deve-se retirá-lo e palpar o orifício. Posteriormente, se não for
detectado nada na palpação, devese tentar de novo;
h) Deve-se direcionar o dreno de tal forma que ele fique próximo à
coluna e com a abertura próxima ao ápice do pulmão. Isso é importante para
facilitar a eliminação tanto dos conteúdos gasosos, quanto dos conteúdos
líquidos. O
dreno geralmente é fenestrado. Isso possibilita que haja a entrada
de líquido por essas fenestrações enquanto a entrada de ar vai se dar pela
abertura principal do dreno que está próxima ao ápice (o dreno deve ficar
próximo à coluna, pois o líquido fica armazenado nas regiões posteriores quando
o
indivíduo se deita);
i) Toda drenagem deve ser realizada no quinto espaço intercostal
na linha axilar média. Seguindo os procedimentos acima citados, na medida em
que o cirurgião torácico introduz o dreno na cavidade pleural do paciente, após
rigoroso processo de assepsia e conexão do dreno ao aparelho de drenagem ou ao
frasco receptor, é possível drenar o conteúdo líquido ou gasoso presente na
cavidade pleural, bem como restabelecer a mecânica e a função
pulmonar no indivíduo com trauma torácico aberto ou fechado.
Após a drenagem
torácica, é necessário ainda, que o médico retire o dreno e realize o curativo.
Nesse contexto, a prestação de assistência envolve a realização do curativo do
paciente que também pode ser realizado pelo médico. Entretanto, esse curativo
deve seguir também rigoroso protocolo de intervenção, assim como durante a
inserção do dreno.
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